Quando falamos em pirâmide etária, a imagem que vem à mente é a de uma base larga de jovens sustentando um topo estreito de idosos. Mas essa estrutura está se invertendo. No Brasil e em muitos países, vemos os idosos ultrapassando os jovens em influência econômica. E o que isso tem a ver com marketing digital? Tudo.

Por Que as Marcas Precisam Abandonar os “Recortes Etários”

Há uma década, segmentávamos públicos por faixa etária. Hoje, essa estratégia é limitante. Um estudo da HBR.org revelou que 68% dos consumidores acima de 60 anos se sentem subrepresentados em campanhas publicitárias. Ao mesmo tempo, a Geração Alfa (nascidos a partir de 2010) exige conteúdos dinâmicos e visuais, como vídeos curtos no TikTok — formato que também conquistou idosos.

Na Priory, costumamos usar os arquétipos comportamentais. Um “explorador digital”, por exemplo, pode ter 16 ou 76 anos. É assim que a Magalu conecta mães e filhas em lives de descontos: não pela idade, mas pelo desejo compartilhado de economia inteligente.

Estratégias para um Marketing Digital Sem Idade

Aqui vai uma opinião que costumo defender: segmentar por idade é coisa do passado. Quantas vezes já ouvi “mas o idoso não entende tecnologia”? Pois bem: no último Natal, 68% dos brasileiros acima de 60 anos compraram presentes online. E adivinhem? Muitos usando reels e cupons do Instagram como referência.

1. Narrativas Inclusivas:

Conte histórias que unam gerações. A Natura fez isso ao lançar a linha Ekos, envolvendo comunidades indígenas — tema que conectou jovens e idosos.

2. Dados Além da Demografia:

Baseie-se em comportamentos, não apenas idade. Uma segmentação por interesses, como “aventura” ou “tecnologia”, captura um jovem de 18 e um aposentado de 70 que compartilham paixão por viagens.

3. Experiências Adaptáveis:

Crie produtos e conteúdos que se moldem às fases da vida. A Netflix é mestre nisso: seu algoritmo recomenda séries como Stranger Things para fãs de nostalgia (idosos) e Round 6 para amantes de suspense (jovens), sem mencionar idade.

4. Tecnologia com Humanização:

Chatbots com IA já respondem 80% das dúvidas de clientes, mas idosos ainda preferem atendimento humano em 45% dos casos. Equilibrar automação e empatia é essencial.

O Futuro é Horizontal (e Não Piramidal)

Entendo que para sobreviver nesse cenário, as marcas precisam parar de ver a idade como um rótulo e começarem a enxergá-la como uma camada dentro de um espectro mais amplo. Como disse um artigo recente da Harvard Business Review, “idade é apenas um número” . E números, como os 57% de crescimento da população idosa no Brasil, estão aí para provar que o marketing do futuro será intergeracional — ou não será.

E para quem ainda duvida, deixo um desafio: hoje mesmo, abra o TikTok e pesquise #aposentadoria. Verá vídeos de senhoras dançando funk e homens grisalhos dando dicas de criptomoedas.

Quer desenvolver uma estratégia intergeracional para sua empresa e criar conexões autências entre sua marca e as diversas gerações? Converse conosco aqui.

Debora Behar Ribeiro

Estrategista Digital e Sócia da Priory Comunicação