Publicado em: 26 de janeiro de 2021
Os impactos da pandemia em cada geração
Depois de meses em casa, é redundante dizer que já não somos mais os mesmos. Os impactos da pandemia são claros e científicos: além do estresse causado pela incerteza do futuro, índices de doenças como depressão, vícios e outros distúrbios aumentaram, e continuam aumentando significativamente, em meio ao cenário causado pelo novo coronavírus.
Segundo dados apresentados pela pesquisa “ConVid Comportamentos”, realizada em 2020 pela Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas, durante a pandemia, a maior parte da população brasileira apresentou problemas no estado psicológico. De acordo com a pesquisa, a população adulta sentiu-se 40% mais triste/deprimida e 53% mais ansiosa/nervosa. Em outra faixa-etária, os adolescentes, 31,6% relataram apresentar sentimento de tristeza frequente.
Como a pandemia impactou cada geração
O que para muitos antes era utopia, hoje se tornou necessidade. Estudar e trabalhar de casa, fazer exercícios e até se reunir com os amigos em ambiente virtual eram comportamentos inimagináveis até um ano atrás.
Para quem adotou o Home Office ou se viu obrigado a ficar em casa, sair drasticamente de uma rotina cercada pelo convívio afeta diretamente o psicológico. Antes, o simples ato de sair para o trabalho, ver pessoas e andar por ambientes diferentes, exercitava o ânimo. Agora, na frequente visão da casa, o local que deveria ser associado ao descanso se torna uma vista cansativa de um novo local de trabalho.
Para adultos com jornada dupla, o cansaço aumenta. Não bastasse o trabalho na empresa distinto do trabalho do lar, em meio a pandemia, o serviço triplica ao cuidar da casa, acompanhar os filhos e dedicar-se à empresa.
Já para os adolescentes, estudar e se concentrar em casa também não é uma tarefa fácil. Cercados por distrações como celular, televisão e videogames, a produtividade escolar é afetada, e é nesse momento que os responsáveis precisam ser firmes na hora de trabalhar os limites e horários dos mais novos.
Ainda segundo o levantamento da Fiocruz, as dificuldades em acompanhar as aulas de ensino a distância atingiram a maioria dos adolescentes. Nos dados divulgados, 59% dos relatam falta de concentração, 38,8% falta de interação com os professores e 31,3% falta de interação com os amigos.
O que as crises podem nos ensinar sobre a mudança de comportamentos
Ninguém está isento de problemas psicológicos, muito menos dos impactos causados pela pandemia. O cenário completo representa uma carga emocional muito forte, principalmente para as pessoas mais fragilizadas.
Esperar cenários graves para buscar ajuda não é a melhor escolha. Independente da época, a busca por ajuda psicológica é essencial. Sem os devidos cuidados, problemas já existentes podem se intensificar e provocar recaídas bruscas; na depressão, por exemplo, os episódios podem se agravar, evoluindo para tentativas de suicídio.
O tratamento adequado para a ansiedade e a depressão pode recuperar a qualidade de vida que foi impactada na quarentena. A base desse tratamento consiste em medicações que aumentam o bem-estar e deixam os sentimentos negativos longe, assim como na terapia.
A crise intensificou gestos de empatia, mostrou o quão sociável o ser humano é, e o quanto ele depende da cultura e do trabalho para se manter saudável de forma física e psicológica. É importante dar crédito aos artistas e intelectuais que estiveram à disposição gerando entretenimento e saúde, permitindo assim que muitos quadros de depressão e recaídas não se agravassem.
No âmbito da saúde, o aumento da procura por cursos de meditação e venda de itens para exercícios em casa também foram significativos. De acordo com os dados liberados pela Netshoes, loja especializada na venda de roupas, acessórios e equipamentos esportivos, a venda de cordas aumentou 2.000% e a de halteres, 1.900%. Esse aumento intensifica os impactos causados pela pandemia e realça a meta da população em quarentena em busca da saúde física e mental.
A pandemia também trouxe recordes importantes que exemplificam as mudanças de consumo durante o isolamento social. Em 2020, o e-commerce teve um crescimento de 40,7% ao ano. O medo constante de ir fisicamente às lojas também impactou no aumento das compras online. Segundo um levantamento digital realizado com mais de 1,7 mil entrevistados pela NZN Intelligence, 71% afirmam que pretendem aumentar o volume de compras online. A população entre 18 e 34 anos de idade tem interesse em se desenvolver mesmo no momento de crise, consequentemente, ao buscar cursos para isso, também traz oportunidade para a indústria de educação.