Entre os dias 6 a 8 de novembro de 2024, eu e Talita Mulbauer, minha sócia, participamos do RD Summit, um dos maiores eventos de marketing e inovação do Brasil. A expectativa era alta, como sempre, mas confesso que saí com sentimentos mistos. Enquanto algumas palestras me inspiraram profundamente, outras me deixaram com a sensação de que o evento tem perdido um pouco da essência que o tornava tão especial.

A Importância das Emoções em Tempos de IA

Um dos aspectos mais marcantes do RD Summit deste ano foi a ênfase nas emoções. É curioso como, em tempos de inteligência artificial, a humanidade das emoções tenha ganhado tanto destaque. Afinal, o que pode ser mais humano do que sentir? Essa linha foi reforçada em diversas palestras que destacaram a importância de conectar-se verdadeiramente com os clientes, indo além das tendências superficiais.

Isso me fez refletir sobre o contraste entre tecnologia e sensibilidade. Enquanto a IA facilita processos e otimiza tarefas, a conexão emocional continua sendo o grande diferencial de uma marca. Foi um tema recorrente e essencial, especialmente diante do desafio de engajar a Geração Z, um público com características e valores muito particulares.

As Palestras que Mais Me Impactaram

Dentre tantas apresentações, algumas realmente se destacaram e trouxeram insights valiosos.

Beatriz Guarezi foi, mais uma vez, um show à parte. Sua abordagem sobre o estar “cronicamente online” me fez pensar no equilíbrio entre relevância e propósito. Ela reforçou que as marcas não devem correr atrás de todas as tendências, mas focar no que realmente as torna únicas. Gostei especialmente da sua visão sobre newsletters: algo pessoal, lido no tempo de cada um, muitas vezes com um café ao lado. Um espaço para aprofundar histórias, criar vínculos e fugir da efemeridade das redes sociais. E seu ponto sobre storytelling foi certeiro: o que diferencia sua marca das outras? Um lembrete poderoso.

Vitor Peçanha trouxe uma visão pragmática, mas igualmente inspiradora. Ele lembrou que o marketing está cada vez mais complexo, onde o que funcionava ontem pode não funcionar amanhã. A analogia com o mercado cervejeiro foi brilhante: a explosão de variedades de cerveja reflete bem como o público busca nichos e autenticidade. E, claro, a mensagem sobre IA foi fundamental: deixemos a tecnologia cuidar do operacional para que possamos nos concentrar no que realmente importa – a criatividade, o real, o humano.

Rafael Kiso trouxe uma palestra que foi uma verdadeira aula sobre atenção e emoção. A analogia entre a Jornada do Herói e a Jornada do Consumidor foi um ponto alto, conectando histórias épicas à prática do marketing. Ele também reforçou a importância de fazer o público sentir algo – seja alegria, nostalgia ou até mesmo curiosidade. No final, o que fica é a emoção e, com ela, a lembrança da marca.

Dado Schneider abordou um tema essencial para quem trabalha com marketing hoje: a Geração Z. Ele destacou como essa geração quebra os paradigmas hierárquicos tradicionais e valoriza atributos como diversidade e inclusão. Foi uma reflexão valiosa sobre como adaptar estratégias para um público que exige autenticidade e valores reais das marcas.

A palestra de Guta Tolmasquim foi tão divertida quanto esclarecedora. Sua analogia entre o casamento do Branding com a Performance, com o “boy lixo” das Métricas de Curto Prazo, foi genial. Ela abordou com leveza e humor um dilema recorrente no marketing: como equilibrar investimentos em construção de marca e resultados imediatos. No final, ficou claro que os dois podem coexistir e, melhor ainda, potencializar os resultados um do outro.

João Branco compartilhou sua experiência como VP de marketing do McDonald’s, destacando a importância de entender profundamente o cliente. Sua reflexão sobre o desafio de enfrentar o Burger King trouxe lições valiosas: mais do que reagir ao concorrente, é essencial ouvir o cliente e criar estratégias que falem diretamente ao coração. Foi uma palestra recheada de humanidade e propósito.

Um Evento em Transformação

Por outro lado, não posso deixar de comentar minha percepção de que o RD Summit tem perdido parte de sua essência. Antigamente, em Florianópolis, o foco era mais claro. Hoje, parece haver um desvio, com uma presença maior de celebridades e palestras que, em alguns casos, soaram como “clickbait”. Títulos chamativos muitas vezes escondiam conteúdos rasos ou focados em vendas.

Essa mudança me deixou um pouco nostálgica pelos eventos anteriores, onde o aprendizado era mais intenso e genuíno. Ainda assim, as palestras que destaquei compensaram e trouxeram insights que levaremos para a equipe Priory e nossos clientes.

O RD Summit 2024 foi, sem dúvida, um espaço para refletir sobre o papel das emoções, da criatividade e da autenticidade em um mundo cada vez mais tecnológico. Saio do evento inspirada, mas também com a esperança de que, nos próximos anos, o evento retome parte de sua essência, equilibrando inovação com profundidade e foco.

Até lá, seguimos aplicando na Priory o que acreditamos: conectando, emocionando e buscando sempre o propósito.